Teoria D.I.S.C.
Definitivamente não é de hoje que buscamos compreender os mistérios e nuances de nossa personalidade. Na realidade, muito antes do que se imagina, observações, pesquisas e teorias já eram construídas na tentativa de encontrar padrões e desvendar a complexidade do comportamento humano. Na Grécia Antiga, há dois mil anos, o estudioso Hipócrates, então considerado o pai da medicina ocidental, apresentava um modelo quadriforme que buscava retratar os principais padrões de comportamento humano. Rompendo com o misticismo da época, elaborou um método de diagnose pautado na observação não só dos sintomas da doença, mas também nos traços de personalidade que acompanhavam cada enfermo.

Com a frase “É muito mais importante sabermos qual pessoa a doença aflige do que qual doença aflige a pessoa”, Hipócrates já rompia paradigmas percebendo a imensa interação entre corpo e mente que, para ele, interferia diretamente no processo de cura ou avanço da enfermidade. Buscou, então, entender a personalidade de seus pacientes e propôs um modelo no qual relacionava quatro tipos de “humores” ou temperamentos com o que ele chamava de fluídos corporais fundamentais. Segundo ele, se fosse o sangue o fluído predominante, o indivíduo seria do tipo “Alegre”; se fosse a bile negra, seria do tipo “Triste”; se fosse a bile amarela, “Entusiasmado”; e, por último, se fosse o fleuma (fluído dos pulmões), o tipo seria “Calmo”. E muito embora já tenha sido descartada pela ciência moderna, essa tipologia proposta por Hipócrates foi a base da medicina greco-romana e influenciou poetas e cientistas ao longo da história como Francis Bacon e William Shakespeare.

Mais a frente na história, o psiquiatra suíço Carl Jung desenvolveu um modelo baseado na maneira como nós seres humanos nos relacionamos com o meio interno e externo e propôs uma conjectura em que tal relação se daria por intuição, reflexão, emoção ou razão, nascendo, assim, a sua tipologia comportamental que, por sinal, também era quadriforme, constituída pelos tipos Produtor, Sensitivo, Intuitivo e Analítico.

Foi, contudo, em 1928 que o estudo do comportamento humano tomou forma e começou a chamar a atenção dos estudiosos e pesquisadores. O Psicólogo William Moulton Marston, em sua obra Emotions of normal people, apresentou o seu método de compreensão dos padrões de comportamento, temperamento e personalidade das pessoas. Então titulada como DISC, essa metodologia apresentava uma visão abrangente da maneira como as pessoas pensam, agem e interagem. Marston, influenciado pela obra The Principles of Psychology do professor de Harvard, Willian James, desenvolveu seu método após estudar os traços de personalidade, padrões de comportamento e reações instintivas de milhares de indivíduos. Segundo ele, todos nós apresentamos traços e padrões de comportamento que se relacionam com quatro estilos básicos de perfil que, por sua vez, explicam a origem da palavra DISC: Dominance (dominância), Influence (influência), Steadiness (estabilidade) e Conscientious (consciência).

Apesar de ter sido Marston o autor do método DISC, foi o psicólogo organizacional Walter Vernon Clarke que, em 1948, com o propósito inicial de recrutar as pessoas certas para os cargos certos, transformou as teorias de Marston em uma ferramenta de pesquisa comportamental, então denominada como assessment. Um questionário de múltipla escolha projetado para identificar os traços característicos do comportamento de um indivíduo e assim poder determinar a sua personalidade. Entretanto, embora a maioria das pessoas apresente um estilo comportamental mais predominante, todos apresentam traços dos quatro estilos em proporções variadas que resultam em um perfil característico.

Dentre as diversas vantagens e aplicações dos assessments, estão:

  • Possibilitar o aprimoramento das habilidades de liderança e relacionamento interpessoal;
  • Permitir a construção de metas congruentes com cada composição de perfil, levando-se em consideração os seus pontos fortes e pontos de melhoria;
  • Diminuir conflitos e ruídos de comunicação entre os colaboradores de uma equipe;
  • Oferecer um direcionamento eficaz para a contratação e relocação de colaboradores de modo a colocar as pessoas certas nos lugares certos;
  • Aumentar a produtividade por meio da congruência entre diferentes tarefas e seus respectivos perfis;
  • Construir equipes de alta performance.


O tempo passou e vários outros psicólogos, estudiosos e pesquisadores aprimoram os estudos, aperfeiçoaram as ferramentas de pesquisa e propuseram a sua versão de estilos comportamentais, mas praticamente todos derivados dos estudos de Jung e Marston. O perfil de dominância, por exemplo, já pode ser encontrado na literatura denominado como, entre outros, perfil “Produtivo” ou “Executor”; o perfil de influência, como “Expressivos”, “Comunicadores” ou “Interpessoais”; o perfil de estabilidade, como “Afáveis”, “Sensatos”, “Pacientes” ou “Planejadores”; por último, o perfil de “consciência”, que pode ser encontrado como perfil “analítico”, ”Analista” ou perfil de “Conformidade“.

A equipe técnica Coachecom, juntamente com sua rede credenciada de coaches, psicólogos, analistas comportamentais e estudiosos do assunto, decidiram propor uma abordagem que mais conservasse a terminologia proposta inicialmente por Marston. Como no Brasil o termo “Consciencioso” não é muito utilizado, decidiu-se, portanto, adotar o termo “Analítico” para retratar o perfil de “consciência”.
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