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Nos idos da 2a grande guerra mundial, na França, com a invasão alemã, e depois de tantas coisas terríveis que aconteceram na guerra, todas as pessoas faziam as mesmas perguntas que os filósofos faziam: “Qual o propósito da vida? Deus existe? Ou devo sempre fazer o que esperam que eu faça?”

Sartre havia escrito um longo livro, chamado “O ser e o nada, que fora publicado durante a 2a grande guerra mundial.

Sartre um dos grandes filósofos contemporâneos, colocou como o tema central desse livro, que na realidade é de difícil leitura, a liberdade. Se pensarmos bem, no que ele escreveu e refletirmos muito sobre isso, podemos até concordar com ele, mas precisamos entender bem o que ele quis nos transmitir:

“Os seres humanos são livres, uma mensagem estranha para a França ocupada, onde a maioria dos franceses sentia-se, ou era realmente prisioneira no seu próprio pais. No entanto, Sartre queria dizer que, diferentemente de um canivete, por exemplo, o ser humano não havia sido criado para fazer nada em particular. Sartre não acreditava haver um Deus que pudesse nos ter criado, então rejeitou a ideia de que Deus tinha um propósito para nós. O canivete era feito para cortar, essa era a sua essência, o que o fazia ser o que era. Mas o ser humano era criado para quê? Seres humanos não têm essência. Sartre acreditava que não estamos aqui por alguma razão. Não há um modo particular de ser para que sejamos humanos. O ser humano pode escolher o que fazer, o que se tornar. Todos nós somos livres. Ninguém além de nós mesmos decide o que fazemos de nossas próprias vidas. Até mesmo quando deixamos os outros decidirem como devemos viver, estamos escolhendo. Seria uma escolha ser o tipo de pessoa que os outros esperam que sejamos.

É claro que nem sempre é possível ter sucesso quando você escolhe fazer alguma coisa, e o motivo do fracasso pode ser algo totalmente fora do seu controle. Mas você é responsável por querer fazê-la, por tentar fazê-la e por como reage ao fracasso por não ter sido capaz de fazê-la.

É difícil lidar com a liberdade, e a maioria de nós foge dela. Uma das formas de se esconder é fingir que não somos livres. Se Sartre está correto, não podemos ter desculpas: somos completamente responsáveis pelo que fazemos todos os dias e pela maneira como nos sentimos pelo que fazemos. Em última analise, pelas emoções que temos. Você não precisa estar triste. Se estiver, é responsável pela tristeza. Mas isso é assustador, e algumas pessoas preferiam não encarar tal fato por ser doloroso demais.

Estamos condenados a ser livres. Estamos presos à liberdade, quer gostemos ou não.

Sartre dá exemplo de um garçom em um café. O garçom movimenta-se de forma bem estilizada, como se fosse um tipo de marionete. Todos os seus traços sugerem que ele se vê como alguém totalmente definido pelo papel de garçom, como se não tivesse escolha sobre nada. O modo como segura a bandeja, o modo como anda entre as mesas tudo faz parte de uma espécie de dança que é coreografada pelo trabalho como garçom, e não pelo ser humano que o executa. Sartre diz que esse sujeito age de ‘má-fé’. Má-fé é fugir da liberdade, um tipo de mentira que contamos para nós mesmos e na qual quase acreditamos: a mentira de que não somos livres para escolher o que fazemos com nossas vidas, quando na verdade, segundo Sartre, quer gostemos ou não, nós somos”.

By Iussef Zaiden Filho, tirado do Livro Uma breve história da Filosofia, Nigel Warburton, 3a ed. J&PM, p.194/5

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